Minicurso: Triângulo Mineiro: Um Panorama Histórico
Ministrantes: Cleber Rocha, Gilvan Franco Monteiro da Silva; Claudio da Silva.
Ementa: O presente minicurso tem como proposta traçar um perfil panorâmico sobre a região do Triângulo Mineiro, destacando sua identidade singular. Nosso objetivo é desenvolver na percepção dos ouvintes e convidados a questão de uma identidade "triangulina", pertencente aos agentes histórico-sociais residentes em uma região de Minas Gerais que possui adjetivos, discursos, representações e códigos particulares, distintos do restante do Estado.
Os desbravadores do Sertão da Farinha Podre, primeiro nome da região do Triângulo Mineiro, adentraram o território em meados do século XVII, nas bandeiras de exploração do território brasileiro, mas somente no século XIX, as primeiras famílias fixaram-se, de forma "civilizada", formando conjuntos de pequenos povoados que hoje se transformaram em cidades como Uberaba, Uberlândia, Araxá, Sacramento, Conquista, dentre outras. Esse empreendimento ancorou-se nos elementos naturais que poderiam confirmar as aspirações de um futuro próspero. A análise de tais aspectos (geografia, representação e discurso) urge como um enorme campo potencial de estudo, infelizmente ainda carente de respostas conclusivas. Em 1720, Minas Gerais emancipa-se mas, até 1748, a região hoje conhecida como Triângulo Mineiro estava sob o domínio de São Paulo. Nesse mesmo ano Goiás (que pertencia a São Paulo) também se emancipa e o Sertão da Farinha Podre (futuro Triângulo Mineiro) passa a ser goiano. Em 1816, D. João VI, atendendo ao manifesto de um "grupo" de fazendeiros, comerciantes e políticos de Araxá separou o Triângulo e anexou-o ao Estado de Minas Gerais. Tal conjectura gera até hoje muitos argumentos a favor da emancipação triangulina. Como argumenta Guido Bilharinho: "O Triângulo nunca foi somente mineiro. Nunca foi parte integrante de Minas, sua história foi feita através de São Paulo e Goiás". Muitos líderes políticos se empenharam no movimento separatista, dentre eles o próprio fundador da Universidade de Uberaba, Mário Palmério que na época, 1951, era deputado. Não obstante, devemos lembrar que a própria condição das relações produtivas sugere certas limitações que são perceptíveis nos movimentos de resistência. A disputa pelo imaginário (que procura legitimar a imagem de um povo de "cultura forte") pode ocultar interesses particulares, excluindo as figuras dos índios que estavam na região e dos escravos quilombolas que foram violentamente massacrados. De qualquer forma, a sobreposição e convivência recíproca de grupos e culturas distintos gerou nos triangulinos maneiras particulares de pensar e sentir. O presente minicurso, tido como oportunidade de construção de conhecimento, buscará levar o ouvinte a refletir sobre a identidade triangulina, estimulando reflexões sobre suas raízes interiorizadas, nem sempre perceptíveis. Tal situação permitirá uma abordagem abrangente do conteúdo de forma a propor ponderações que servirão como suporte para o questionamento da "mineiridade" dos habitantes do Triângulo Mineiro.
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